Antônio Paraíso ( Foto: Divulgação) |
Perguntas:
1- Como começou seu interesse no mercado de luxo, e nos conte um pouco de seu começo?
Desde pequeno, eu sempre gostei de elegância. Educação, elegância, saber estar, excelência, fazer diferente, fazem parte da minha maneira de ser e da minha forma de estar. E esses são temas e valores que estão muito associados ao mercado de luxo. Os verdadeiros consumidores de luxo, que o são com naturalidade, combinam elegância com poder de compra despreocupado.
Eu tenho o hábito de investir em mim e na minha formação a cada 5 ou 6 anos. Então, quando eu decidi fazer a minha terceira pós-graduação eu achei que havia chegado o momento de conhecer melhor o sector do luxo e de investir no conhecimento desse nicho de mercado tão especial e com o qual eu sinto empatia.
Trabalhei 18 anos em vendas, marketing e internacionalização de produtos industriais e produtos de consumo. Essa experiência associada ao meu gosto natural pela elegância e excelência me ajudaram muito a estudar o sector e entrar profissionalmente nesse universo.
2- Qual foi sua formação acadêmica e como foi seu começo no mercado de luxo?
Eu me formei em Administração de Empresas em Portugal e fiz pós-graduações em Comércio Exterior em Londres, MBA de Marketing no Porto e Gestão Estratégica do Universo do Luxo em Madrid.
Como falei para você, trabalhei 18 anos no mercado internacional, vendendo e negociando em todo o mundo.
Em 2005, decidi criar a minha empresa de consultoria, prestando apoio a marcas e empresas para pensar estrategicamente os seus negócios e entrar em novos mercados internacionais.
Então, o meu começo no mercado de luxo foi pela “porta” da consultoria e formação, trabalhando com algumas marcas portuguesas que pretendem se posicionar internacionalmente nos mercados premium e também com os importadores portugueses de algumas marcas de luxo.
3- Quais são os principais desafios para o mercado de luxo continuar seu crescimento?
Em minha opinião, os principais desafios consistem na correta interpretação e adaptação a novas realidades, sem nunca desvirtuar a sua verdadeira essência. Tradicionalmente, o mercado do luxo é europeu. Mais tarde, as marcas de luxo souberam conquistar os Estados Unidos e o Japão, onde ainda hoje permanecem.
Mas as economias europeia, americana e japonesa estão sofrendo e nesta última década outros mercados surgiram com força económica e capacidade de consumo, como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China. Segundo os analistas melhor informados, os BRIC continuarão pujantes e novos mercados crescerão fortemente nos próximos anos, melhorando significativamente o seu poder de compra.
O grande desafio das marcas de luxo será o de entender esse novo consumidor e se adaptar a esses novos mercados, contudo sem perder a identidade. As marcas que souberem fazer isso, beneficiarão desse crescimento.
4- Qual é a melhor estratégia de internacionalização para uma marca de luxo?
Eu creio que não existe uma estratégia de internacionalização que possa ser considerada a melhor para todas as marcas de luxo. Dependendo da identidade da marca em questão e do mercado onde quer entrar, a estratégia deverá ser adaptada a essas circunstâncias.
Mas em minha opinião, seja qual for a estratégia de entrada no mercado, ela deverá sempre privilegiar o investimento nos pontos de venda, como locais estratégicos para desenvolver relacionamentos com clientes, explorar os seus sentidos e entregar todo o caráter intangível que uma marca de luxo tem. Isso é decisivo para o sucesso da marca em qualquer mercado.
5- A inovação ainda é a grande arma para se livrar da crise?
A inovação continua sendo fundamental para contornar períodos de dificuldade. Os consumidores de luxo gostam de exclusividade, de ser surpreendidos, de ter produtos únicos e de se sentirem especiais. E a inovação pode proporcionar tudo isso, se for inovação com valor para o cliente. Não basta ser diferente. Tem de ser algo diferente e que o cliente goste e/ou valorize.
Quando uma marca de luxo oferece essa diferenciação ao mercado, normalmente as suas vendas aumentam, permitindo contornar as dificuldades que outros sentem.
6- Qual sua dica para as marcas brasileiras que queiram entrar para o exclusivo mercado de luxo?
Entrar no exclusivo mundo das marcas de luxo não é tarefa fácil nem rápida. Se o fosse, qualquer marca o faria, para tentar vender os seus produtos a preços mais altos.
Para fazer trading-up, ou seja, a tarefa de posicionar a marca num nível acima de valor oferecido ao mercado, é necessário desde logo, decidir em que nível pretende posicionar a sua oferta, definir os novos segmentos de mercado que pretende conquistar, investigar e definir a combinação adequada de tangível e intangível a oferecer e finalmente comunicar a marca de forma especial ao mercado e usando o mix adequado de meios.
7- Qual instituição de ensino voltado para o marketing de luxo, você indicaria na Europa?
Na Europa, existem vários programas executivos de Marketing de Luxo, mas aparentemente, os mais respeitados são o da HEC - International Business School em Paris, o do Instituto de Empresa Business School em Madrid, onde eu estudei, e o da Bocconi School of Management em Milão, em parceria com a marca Bvlgari.
8- Fale um pouco mais sobre o seu trabalho no mercado de luxo.
Na verdade eu não trabalho apenas com o mercado do luxo. Eu faço consultoria de marketing, vendas e internacionalização. Trabalho também um pouquinho a inovação. E faço tudo isso com marcas de produtos de consumo, de empresas prestadoras de serviços e também com alguns negócios premium e de luxo.
Basicamente, o meu trabalho consiste em prestar aconselhamento sobre estratégia, apoio no desenvolvimento de novos produtos e serviços, entrada em mercados internacionais, formação das equipes de vendas, coaching a diretores comerciais, elaboração de planos de marketing e reflexão sobre inovação no modelo de negócio.
Faço também palestras em congressos e conferências de negócios. Um consultor basicamente empresta a seus clientes o seu conhecimento, a sua experiência e o seu jeito próprio e único de fazer as coisas.
Afinal de contas, não existe nada de mais inovador do que sermos nós mesmos.
É isso mesmo que devemos levar para as empresas com quem trabalhamos.
Veja abaixo o vídeo onde ele fala sobre: Balanças de Competências
ANTONIO PARAISO
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