Existe um fenômeno relativamente recente e algo paradoxal, que começa ganhando relevo no mercado do luxo, sobretudo na Europa. Me refiro ao Secret Shopping.
Esta tendência internacional convida as marcas premium e de luxo à reflexão e eventual adequação de algumas boas práticas. Quo vadis, Luxus?
Há tempos li um artigo interessante sobre este fenômeno escrito pela minha amiga Susana Costa e Silva, professora e investigadora de marketing da Universidade Católica Portuguesa, e professora convidada de várias universidades em todo o mundo. Esse artigo defendia que a crise recente está fazendo com que os clientes de marcas de luxo se tornem socialmente mais responsáveis e mais discretos na forma de compra e de consumo, para não ferir a sensibilidade dos que estão sofrendo com a crise. Esse artigo citava ainda o meu amigo Milton Pedraza, Presidente do Luxury Institute, com quem me encontrei recentemente em Nova Iorque. Ele afirma que “É de mau gosto, hoje em dia, consumir luxo de forma exuberante e exibicionista”.
Uma amiga minha que vive na Espanha e trabalha numa das lojas de uma conhecidíssima marca francesa de luxo, me contou recentemente num jantar que, nos últimos tempos, tem aumentado a frequência de compra, por telefone e internet, de bolsas dessa marca, a preços que rondam 5000 euros. Essas clientes querem continuar comprando e usando os seus artigos de luxo favoritos, mas não querem ser vistas comprando na loja, nestes tempos de crise e recessão.
Li num das edições da newsletter Universia Knowledge da Wharton Business School, uma opinião de Roxanne Paschall, diretora de merchandising da marca italiana de luxo Bottega Veneta. Ela diz que “de certa forma é pouco elegante sair por aí exibindo o que se comprou. Os clientes pedem cada vez mais embalagens simples, sem marca, sem caixas, ou pedem que o produto seja entregue no hotel. Não querem que se saiba o que compraram. Não querem alarde”.
Estes três episódios avulsos provocaram em mim momentos de reflexão. A crise financeira mundial que estamos vivendo, que é também consequência de uma crise de valores, está contribuindo lentamente para uma mudança de atitude dos consumidores em relação a produtos de luxo e à forma como os compram. Aparentemente, está crescendo o consumo de luxo pelo prazer pessoal, pelo desfrute discreto, longe de olhares alheios e há mesmo quem defenda que o consumo conspícuo, no futuro, deixará de ser padrão nos mercados do luxo. Naturalmente que essas mudanças de comportamento são lentas, graduais e mais notórias em algumas regiões do mundo do que em outras. Essa mudança nunca é igual nem uniforme, através do globo.
(Fim da parte 1; Parte 2 em breve)
Antonio Paraíso
Consultor e palestrante
www.antonioparaiso.com
Há tempos li um artigo interessante sobre este fenômeno escrito pela minha amiga Susana Costa e Silva, professora e investigadora de marketing da Universidade Católica Portuguesa, e professora convidada de várias universidades em todo o mundo. Esse artigo defendia que a crise recente está fazendo com que os clientes de marcas de luxo se tornem socialmente mais responsáveis e mais discretos na forma de compra e de consumo, para não ferir a sensibilidade dos que estão sofrendo com a crise. Esse artigo citava ainda o meu amigo Milton Pedraza, Presidente do Luxury Institute, com quem me encontrei recentemente em Nova Iorque. Ele afirma que “É de mau gosto, hoje em dia, consumir luxo de forma exuberante e exibicionista”.
Uma amiga minha que vive na Espanha e trabalha numa das lojas de uma conhecidíssima marca francesa de luxo, me contou recentemente num jantar que, nos últimos tempos, tem aumentado a frequência de compra, por telefone e internet, de bolsas dessa marca, a preços que rondam 5000 euros. Essas clientes querem continuar comprando e usando os seus artigos de luxo favoritos, mas não querem ser vistas comprando na loja, nestes tempos de crise e recessão.
Li num das edições da newsletter Universia Knowledge da Wharton Business School, uma opinião de Roxanne Paschall, diretora de merchandising da marca italiana de luxo Bottega Veneta. Ela diz que “de certa forma é pouco elegante sair por aí exibindo o que se comprou. Os clientes pedem cada vez mais embalagens simples, sem marca, sem caixas, ou pedem que o produto seja entregue no hotel. Não querem que se saiba o que compraram. Não querem alarde”.
Estes três episódios avulsos provocaram em mim momentos de reflexão. A crise financeira mundial que estamos vivendo, que é também consequência de uma crise de valores, está contribuindo lentamente para uma mudança de atitude dos consumidores em relação a produtos de luxo e à forma como os compram. Aparentemente, está crescendo o consumo de luxo pelo prazer pessoal, pelo desfrute discreto, longe de olhares alheios e há mesmo quem defenda que o consumo conspícuo, no futuro, deixará de ser padrão nos mercados do luxo. Naturalmente que essas mudanças de comportamento são lentas, graduais e mais notórias em algumas regiões do mundo do que em outras. Essa mudança nunca é igual nem uniforme, através do globo.
(Fim da parte 1; Parte 2 em breve)
Antonio Paraíso
Consultor e palestrante
www.antonioparaiso.com
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